domingo, 7 de novembro de 2010

Esperança

"Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que nos ressuscitará(...)"
Somos ser para a morte, dizia Heidegger. E de facto, em cada segundo batido no relógio, é menos um instante que se vive... e espanto, não sou só eu ou tu, mas todos os que habitamos a superfície da terra caminhamos neste ritmo (talvez se um dia alguém conseguir andar à velocidade da luz esta realidade deixe de ser verdade).
Em cada momento morremos e em cada instante nos podemos interrogar como vivemos a nossa existência. E se todos caminhamos para o momento derradeiro, pode a ânsia ser grande de querer guardar, o que se pode perder a cada instante... No entanto, todo o nosso ser nos empurra para fora, para querer conhecer, seja o ambiente, seja os que nos acompanham, seja os novos produtos que aparecem, seja a última invenção, seja .... É nesta ambivalência que se situa esta unidade biforme - de nós mesmos e para o outro.
O desejo de querer rumar para fora é tão natural. Pode, porém, ser às vezes tão difícil ou então, pelo menos desconfortável... É quase como se se arriscasse a dar pedaços de vida ao outro; e quem vive e dá, aceita perder algo que lhe pertence, aceita morrer, não absolutamente, mas como quem serve. Ao outro é possível a liberdade de aceitar ou não, estar atento ou desatento, valorizar ou não atribuir importância.
A busca da segurança onde se possa pousar os pés para caminhar é fundamental. Não há quem dê, ou pelo menos que se disponha a dar o que mais lhe é valioso - a sua vida, sem sentir uma base sólida. Permito-me chamá-la de esperança.
A esperança é como o cajado que se leva na mão durante um passeio a uma montanha. Vai-se buscar, porque se sabe que se quer ir até algures; usa-se, para apoiar o viandante na travessia dos caminhos mais árduos e no cume que se desejava alcançar, serve de apoio até para descanso. E quanto maior é meta, maior é a esperança. E se falamos de dar a vida, então a esperança deve ser proporcional.