quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Do livro de KUNDERA, Lentidão, Edições Asa, p. 30:
"Imprimir forma numa duração, tal é a exigência da beleza, mas também da memória. Porque o que é informe é inapreensível, imemorizável"

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nos últimos tempos uma reflexão tem andado à minha volta.
Acho que uma das mais importantes aprendizagens ao homem é o uso do tempo. Cada vez mais me consciencializo que o nosso tempo é limitado. O tempo é-nos dado como um presente, mas pergunto-me se o usamos em jeito de o podermos crescer.
Há uma sabedoria ancestral que a bíblia tem e que o livro de Qohelet (3, 1-8) condensa como nenhum:

«Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer;
tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar;
tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir;
tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras;
tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder;
tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser;
tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar;
tempo de guerra, e tempo de paz.»



Este é um texto em que a mudança é encarada como decurso normal da vida, sabendo que tudo tem o seu tempo. Então em que se fundamenta a resistência humana à mudança? Porque é que a ideia de mudança assusta e tanta literatura se escreve a esse propósito? Certamente que o medo é aqui factor importante. Mas qual é o dinamismo humano profundo a que se deve esta moção? Estou convencido que se trata, de facto, de uma sede de valores permanentes, de um horizonte em que o tempo já não leve à mudança, ou seja de uma plenitude, como um desejo impresso no espírito humano.