Dois mecanismos usados nos nossos trabalhos de todos os dias nos processadores de texto, folhas
de cálculo, apresentações...
Mas o que acontece se importamos a categoria virtual do undo para o nosso mundo real? A realidade torna-se virtual.
A plenitude de vida que desejamos passa a ficar limitada à virtualidade. Undo é a pretensão de podermos desfazer uma coisa sem deixar marcas.
A experiência mostra-nos que isso é impossível mesmo em transformações físicas: apenas o esticar de uma corda a enfraquece - todas as coisas que usamos no dia-a-dia têm período de validade. A física teórica aponta-nos que todas as transformações implicam um aumento de entropia do universo (3º Princípio da Termodinâmica).
Também a nossa vida deve ter esta consciência: nada do que fazemos pode ser desfeito. Apenas reparado. Se não temos bem consciência disto, cai-se numa alienação de viver na expectativa de poder sempre voltar atrás.
Na nossa vida só existe de facto - a nível da acção - do e redo. Do é dinamismo de um esforço, com sentido, que é começado, ao passo que redo é o dinamismo que permanece em tentativa de melhorar, aprofundar, superar, perseverar.
Que alicerce pode iniciar um esforço? Muitos serão. Entre eles estará o desejo de superação, a necessidade de procurar um sentido para a existência, a partilha do dom que cada um é, a concretização do amor por algo que supere a inércia que brota do desânimo, do se resignar à aparência do sem-sentido, de se deixar apenas ficar no undo, ou pior pensar que nele se pode ficar.
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