quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nos últimos tempos uma reflexão tem andado à minha volta.
Acho que uma das mais importantes aprendizagens ao homem é o uso do tempo. Cada vez mais me consciencializo que o nosso tempo é limitado. O tempo é-nos dado como um presente, mas pergunto-me se o usamos em jeito de o podermos crescer.
Há uma sabedoria ancestral que a bíblia tem e que o livro de Qohelet (3, 1-8) condensa como nenhum:

«Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer;
tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar;
tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir;
tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras;
tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder;
tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser;
tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar;
tempo de guerra, e tempo de paz.»



Este é um texto em que a mudança é encarada como decurso normal da vida, sabendo que tudo tem o seu tempo. Então em que se fundamenta a resistência humana à mudança? Porque é que a ideia de mudança assusta e tanta literatura se escreve a esse propósito? Certamente que o medo é aqui factor importante. Mas qual é o dinamismo humano profundo a que se deve esta moção? Estou convencido que se trata, de facto, de uma sede de valores permanentes, de um horizonte em que o tempo já não leve à mudança, ou seja de uma plenitude, como um desejo impresso no espírito humano.

1 comentário:

  1. Efetivamente, SIM Pe João Santos, custa sempre aceitar que, as coisas têm o seu tempo próprio... Porém, é bem verdade que o SENHOR dos senhores não sabe senão estar inteiro no meio de nós. E, por vezes essa inteireza trás consigo a MUDANÇA! Contudo, mudança que requer sempre inteireza de coração!
    "Para ser grande, sê inteiro: nada
    Teu exagera ou exclui.
    Sê todo em cada coisa.
    Põe quanto és
    No mínimo que fazes.
    Assim em cada lago a lua toda
    Brilha, porque alta vive"
    [(Ricardo Reis - heterónimo FERNANDO PESSOA)

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